segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O sacramento do matrimônio Pe Angelo Epis


Amigos hoje lembramos São Mateus! O convite que tantos ouviram "Vem e segue-me"! Deixar e seguir ou ficar surdo?

Perseveremos na oração, pois somos fracos e Deus quis precisar de nós!

Continuo a postagem deste artigo do padre Angelo Epis. Boa leitura!

alexandre(da Alana)

O sacramento do matrimonio


A reflexão de Henri Caffarel so
bre o sacramento do matrimonio é um dos pontos mais elevados. Ele nos deixa como herança, com uma pesquisa espiritual que vá longe, também a preocupação forte de decifrar a realidade da vida conjugal à luz da união com Cristo. Em Roma no ano de 1959, em poucas palavras diz o essencial: “O matrimonio cristão, sacramental, não somente representa a união de amor entre o Cristo e a Igreja, mas faz o casal participe dessa união. Quero dizer que graças ao sacramento do matrimonio, o amor que une Cristo à Igreja é o mesmo que une, faz viver e alegra o esposo e a esposa”. (Les Équipes Notre-Dame, essor et mission des Couples chrétiens, p. 61)
Precisa distanciar-se de uma concepção que vê no sacramento somente o socorro de Deus para locar a graça ao serviço de uma certa comodidade. Isto não impede que os esposos cristãos desenvolvam todas as qualidades humanas da sua vida conjugal, porque é na sua própria realidade que a graça age para fazê-los avançar para a santidade.

O tema fundamental, seguindo as pegadas de s. Paulo, é ver o matrimonio estreitamente ligado à união de cristo e da Igreja, e já presente no Antigo Testamento na festa de núpcias de Deus com seu povo. Caffarel se pergunta: “como o matrimonio evoca a união de Cristo e da Igreja?”. Na base, o matrimonio é ele mesmo mistério de união, de intimidade, de corpos, de inteligências, de corações, de atividades este evoca a união de Cristo e dos membros de seu corpo. Esta união chega a compartilhar o sofrimento pelos esposos, porque a cruz sela a união total do Cristo com a humanidade. O matrimonio é também fecundidade, irradiação do seu amor, a imagem de tudo aquilo que o Senhor faz nascer pela sua caridade sem limites. Em fim a alegria reaproxima o casal cristão da gloria do seu Senhor, “a alegria de uma posse que nada nem ninguém pode romper”. (cf. Propos, pp. 69-70).
A experiência do amor permite ao ser humano de contemplar este segredo de Deus que é a festa de núpcias do filho com a humanidade. Mas tem mais, cito: “a última palavra de Deus so
bre o amor humano, aquele que nós podemos repetir, mas não explicar: o amor consagrado pelo matrimonio está destinado a fazer escorrer nos nossos corações um pouco de aquela caridade divina que une Cristo à Igreja. (ibid., p. 71). A conseqüência é que a vida de casal, sua paternidade e a irradiação do seu amor participam da missão de Cristo e da Igreja.
O sacramento do matrimonio expressa a união de Cristo e da igreja, e isso prepara a comunicação deste mistério na Eucaristia onde se encontra “o infinito do dom e a plenitude da vida” (ibid., p. 72).
O campo de ação da graça sacramental nos diz Pe. Caffarel é o homem e a mulher, assim que tudo aquilo que forma a unidade com eles, o que faz parte deles, crianças, casa... ou seja, o movimento da encarnação redentora continua fazendo sacramento “o matrimonio total, em todas as suas realidades jurídicas, carnais e espirituais […] ao ponto que a união física do homem e da mulher faz parte do sacramento. A vida conjugal inteira não é só curada, elevada, santificada, mas torna-se santificante (Mariage, ce grand Sacrement, p. 315).
No mesmo contexto, Henri Caffarel nos mostra como o sacramento do matrimonio, no qual a presença ativa de Cristo está tão profundamente implícita, é um elemento essencial na construção da Igreja. Não é instituído só a favor daqueles que o vivem. O Cristo toma os casais que ele santifica para fazê-los pedras vivas de sua Igreja. Ele não os tira de novo do mundo, mas lhes comunica a sua graça que penetra até os fundamentos da família, onde eles estão. Pelo sacramento do matrimonio, as famílias tornam-se participes da construção do Corpo de Cristo no próprio coração da sociedade humana na qual estão inseridas.
P. Caffarel está entre os que divulgaram a concepção tradicional da família consagrada como “célula da Igreja”, “no sentido de pequena comunidade cristã visível, no seio da grande comunidade que é a paróquia; mas, muito mais profundamente, no sentido de elemento vivente na grande sociedade espiritual que é a Igreja (ibid., p. 317). Aqui diz que o casal não é simplesmente una subdivisão da paróquia ou da igreja universal, mas que a família vive em si mesma muito daquilo que caracteriza a Igreja. Aonde vive uma família cristã, começa já a viver a igreja.
P. Caffarel mostrou as condições para que uma reunião de cristãos seja um Ecclesia. Podemos apreciar uma
breve síntese que cito textualmente: “A pequena Ecclesia é uma célula da Igreja, o Cristo está presente na pequena Ecclesia. A pequena Ecclesia é a esposa do Cristo e dialoga com ele. O Cristo serve-se dela para lhe comunicar o seu amor dúplice. A pequena Ecclesia descobre então no Cristo e pelo Cristo o Espírito Santo que Cristo lhe comunica, e o Pai para o qual a conduz”. (Conferencia de São Paulo, julho 1957 ).

Nenhum comentário: