sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Vivência de Caffarel nas Equipes de Nossa Senhora - SESSÃO FORMAÇÃO

II SESSÃO DE FORMAÇÃO NACIONAL 2015



A nossa intenção não é evidentemente fazer um relato minucioso da forma como o Padre Caffarel vivia e sentia o nosso Movimento, contudo parece-nos útil destacar alguns aspectos essenciais daquilo que Henri Caffarel trouxe às equipas, pelo ensinamento deixado nos seus numerosos escritos que nos falam desde a criação das ENS, à sua animação, missão e expansão no mundo.

Ele próprio, quando olhava para o passado, cuidava de retirar lições para os passos seguintes. É o que
nos cumpre fazer nesta sessão de Formação, onde falar da vivencia nas ENS pode vir a ser uma ajuda
para todos os que a frequentam, baseada no testemunho deixado e legado pelo Padre Caffarel.

Prometemos deixar-vos o resultado de tudo quanto esta palestra nos obrigou a fazer, tentando sempre ser fieis ao espírito do nosso Movimento, não esquecendo contudo as sábias palavras deixadas pelo Padre Caffarel quando os casais o procuravam no principio e lhes pediam que indicasse o Caminho, ele respondia com grande sabedoria “Procuremos juntos”.

Foi em 1938, a pedido de alguns jovens casais, que o Padre Caffarel começou a discernir as bases de uma espiritualidade para os casais.

A espiritualidade era correntemente considerada como uma especialidade dos religiosos, celibatários,
enquanto o casamento era mais ou menos depreciado.
Podemos também dizer que a sexualidade era, na maior parte mais das vezes, compreendida como uma espécie de concessão inevitável para a procriação e para apaziguar o desejo, não sendo o seu sentido cristão nada explorado.

Henri Caffarel impulsiona os casais que se lhe juntaram a prosseguir o seu caminho quando lhes diz que os leigos devem “ definir bem quais são os seus meios e os seus métodos, porque isso constituirá a espiritualidade do cristão casado” (Conferência aos responsáveis de Equipas, 1952).
Ao lermos e estudarmos os seus editoriais das Cartas das Equipas e tudo quanto nos deixou escrito nos primeiros anos, descobrimos que em Junho de 1950, por exemplo, Caffarel apresenta talvez a primeira definição de espiritualidade: «A espiritualidade é a ciência que trata da vida cristã e dos caminhos que conduzem ao seu pleno desenvolvimento.»

Pouco depois, o Padre Caffarel vai concretizar a sua ideia e diz aos casais que procuram construir a sua espiritualidade, que não se trata de se evadirem do mundo, mas de aprenderem como, a exemplo de Cristo, podem servir Deus em toda a sua vida e no meio do mundo.

É-lhes necessário então descobrir que a espiritualidade não diz respeito apenas à oração ou à ascese, mas que ela implica o serviço a Deus no lugar de cada um, na família, no trabalho, na cidade, no mundo.

Caffarel continua o seu discernimento e coloca-nos de imediato a sua reflexão sobre o amor, sobre os
laços estreitos entre o amor de Deus e o amor humano e deixa-nos uma preciosa orientação para
começarmos no nosso caminho para a santidade.

O amor humano é a referência que nos ajuda a compreender o amor divino.

Pelo seu poder de fazer de dois seres, um único, salvaguardando a personalidade de cada um, o amor
permite-nos adquirir a compreensão da misteriosa união de Cristo com a humanidade e do casamento
espiritual da alma com o seu Deus.» (Reflexões sobre o amor e a graça, p. 44)
Chegamos ao cerne do carisma do nosso Movimento: a partir da experiência vivida do amor no casal,
podemos descobrir o amor de Deus, a sua fidelidade, o seu desejo do nosso bem – ao mesmo tempo que os cônjuges desejam a felicidade um do outro, no plano humano e sobre o plano do desenvolvimento religioso; sem esta dupla dimensão, o seu amor permaneceria imperfeito, Caffarel diz mesmo, mutilado.

E o Padre Caffarel propõe-nos as Orientações de Vida, os Pontos Concretos de Esforço e a Vida de
Equipe como meios de aperfeiçoamento no caminho para a santidade.
Pede então aos casais que se formem na procura de Deus. O objectivo é radical. Caffarel nunca gostou de águas mornas. Por exigência espiritual, ele entende que tudo nos deve levar a Deus.
Um aspecto que não deve ser negligenciado naquilo a que o Padre Caffarel chama a “via mística” do
casal cristão, é o sentido do pecado e do perdão de Deus.

É essencial que quando sobrevêm as opacidades de um para com o outro, as incompatibilidades e as
formas diversas do mal que divide, os esposos cristãos devem reconhecer-se como pecadores.
Os fracassos do amor levam a tomar consciência de que o amor tem necessidade de ser salvo. Caffarel termina um parágrafo intitulado Comunidade pecadora, arrependida e perdoada, da sua obra
“Casamento, esse grande Sacramento”, por estas palavras: « Se, consentindo na cruel descoberta [de
serem pecadores], a comunidade conjugal se torna por fim comunidade penitente na grande
comunidade penitente da Igreja e recorre ao seu Senhor, do qual ela não quer pôr em causa a
presença e a solicitude, então, abrindo-se ao perdão, ela renascerá para a esperança. »

Tó e Zé CR ERI

Continua........


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